quinta-feira, 3 de setembro de 2009

O PODER ENOBRECE OU APODRECE


Gandh - Jesus - Luter King

Quando debatemos a trilogia O Senhor dos Anéis já tínhamos a intenção de discutir, posteriormente, o seu enfoque principal que é a luta pelo poder. Numa história fantasiosa aparentemente não se tem muitas pretensões, mas a discussão de como o poder pode ser benéfico ou maléfico, ganha um debate importante.
O hobbit, personagem principal da história, um ser com menos de um metro e meio que geralmente vive em tocas embaixo da terra, tem os pés peludos, não gosta de grandes aventuras e não tem muito apego a bens materiais ou patrimônios, quando o Um Anel (Anel do Poder) cai em suas mãos ele é informado que deverá destruí-lo, pois o Mal quer recuperar o Anel para subjugar e destruir a todos na Terra Média, assim é formada uma sociedade para ajudá-lo a levar o Anel até o local onde ele deverá ser destruído. Apesar dos componentes dessa sociedade ser maiores e mais fortes, não querem se arriscar levando o Anel, pois sabem que poderão sucumbir à tentação do poder do Um Anel e, o hobbit, aquela figura despretensiosa e frágil, fica encarregado de levar o Anel do Poder e jogá-lo no fogo, a fim de ser destruído. Durante a jornada até componentes da sociedade ficam tentados a tomar o Anel e usá-lo em causa própria e acaba pagando com a própria vida pela ganância.
Infelizmente isso não só acontece nas histórias, supostamente fantasiosas, na vida real a história se repete muitas e muitas vezes. O poder embriaga e, mesmo pessoas que entram numa causa ou numa função com bons propósitos acabam se corrompendo sob o signo do poder. O poder atrai interesseiros e bajuladores, dá a sensação de onipotência e do “pode tudo”.
Evidentemente que não estamos dizendo que todos que assumem o poder, ou detêm algum poder o usa para benefício próprio ou para corromper e subjugar, mas temos visto um número cada vez maior de líderes usando poder financeiro ou influência para se beneficiar ou para prejudicar outros. Somos sabedores ou ao menos deveríamos saber que não existe um perfil definido do individuo que, uma vez detentor do poder, fará mau ou bom uso dele, pois se assim fosse não teríamos tido um líder tão negativo quanto Adolfo Hitler, pois se fizermos uma análise de sua biografia era considerado alguém com o perfil ideal para ser um maravilhoso líder. Poderíamos sitar ainda líderes religiosos que usaram a Santa Inquisição para destruir aqueles que supostamente não serviam aos objetivos da igreja ou do Senhor, e o absurdo é que eles tinham a missão de divulgar a mensagem de paz, amor e tolerância ensinada por Jesus.
Bem, se formos discutir todos os líderes negativos ficaríamos discorrendo durante páginas e páginas, mas devemos ressaltar que tivemos líderes que deram bons exemplos: Jesus que em toda sua pregação e exemplos só oferecia o amor, a bondade, o perdão e a fraternidade, nunca sugeriu o emprego da violência ou o abuso da boa vontade do próximo. Mahatma Gandh que fez na Índia a revolução da Paz, pregava a mudança sem violência, Martin Luther king, Nelson Mandela e outros líderes contemporâneos, se não foram perfeitos, chegaram próximos do propósito do bom uso do poder,
O que temos visto é o poder corrompendo e destruindo qualquer propósito anterior, destruído a esperança, a dignidade, a ética e a moral (sem moralismo).
Dá-se a impressão que líderes negativos só existem nos autos poderes políticos ou em hierarquias superiores numa cidade, no estado ou no país, mas temos o mau uso do poder acontecendo dentro de casa exercido pelo pai, pela mãe, e segue com marido, esposa, o policial, o professor, o gerente de qualquer repartição, o padre o pastor ,enfim, qualquer poder, por menor que seja, embriaga e pode seduzir e, a partir daí, as conseqüências serão diversas.
O eleitor critica o político, mas também corrompe e é corrompido quando vende seu voto ou aceita que seu candidato haja errado em nome de bandeiras partidárias ou para atender o grupo que compõem, quando deveria estar a serviço de quem o elegeu, o povo.
O poder não é podre, tentam criar uma tarja para ele, na realidade alguns (muitos) é que se apodrecem quando assumem o poder.
O poder deve ser exercido com a consciência de que já se está recebendo uma dádiva de ajudar o maior número de pessoas possíveis, que foi escolhido para comandar e ajudar a encaminhar, assim cada segundo deve ser de consulta se está trilhando o caminho do poder participativo e consciente. Um líder quando erra deve ter uma punição maior, pois os seus exemplos podem engrandecer ou desestimular e incentivar a iniqüidade.
As novas gerações só poderão estar isentas da manipulação dos maus líderes a partir da melhoria do seu nível cultural e intelectual, e, isso inicia na família e estende para mais investimento em educação. Um povo culto tem menos chances de ser usados, enganado e subjugado.
Só um povo consciente e culto vai poder se rebelar e saber afastar os que querem usar o poder para manipular e se beneficiar, só um povo determinado e esclarecido poderá perceber a diferença entre o bom líder e o manipulador.
O poder é uma benção e quando bem exercido ajuda a produzir gerações mais determinadas e seguindo os bons exemplos. Quando mal exercido produz gerações doentes, decepcionadas e corrompidas moral e eticamente.
O poder coerente produz efeito de água represada quando aberta irá atingir uma extensão muito grande, poderá causar até alguma destruição, mas não irá muito longe será sugada pelo chão, resultando em terra fértil, produção agrícola e fartura.
O poder exercido de forma inconseqüente é como fogo que queima, mata, destrói, é levado rapidamente pelo vento e difícil de ser exterminado, ao seu término o que restará será muita morte, dor e destruição, necessitará da água abençoada para a demorada restauração da vida alegre e abundante.
Todos nós somos responsáveis por zelar pelas pessoas que exercem qualquer poder, vigiando, estimulando as boas ações e repudiando o mau uso do poder.

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