quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

O PORCO-ESPINHO NOSSO DE CADA DIA

Para entendermos um pouco a complicada relação humana podemos analisar a partir da história do porco-espinho:
Num tempo em que o inverno estava muito rigoroso, o frio castigava a todos, os animais estavam morrendo de frio, foi quando decidiram se proteger nas cavernas e, assim, bem juntinhos, o calor de um esquentavam o outro, e isso ajudou a reduzir as mortes pelo frio, os porcos-espinhos, percebendo a eficiência da idéia decidiram que também fariam o mesmo, após algumas reuniões, escolheram uma boa caverna e rumaram para lá, começaram a se ajeitar, foram encostando para que o calor de um pudesse esquentar o outro, mas o clima esquentou de vez, pois o espinho de um espetava o outro, foi uma briga horrível, espinhos para todos os lados, muitos saíram feridos e outros morreram no conflito. Decidiram então que não era uma boa idéia e cada um tomou o seu rumo, mas lá fora o inverno continuava castigando e os porcos-espinhos continuaram morrendo, vendo que os outros animais conseguiam se organizar e se proteger do frio, eles decidiram marcar novas assembléias, depois de muitas discussões e novas estratégias rumaram para uma nova caverna, lá começaram a se organizar, um mantinha um distância considerável do outro, distância que pudesse se aquecer em grupo, mas que o espinho de um não espetasse o outro, assim, conseguiram sobreviver ao inverno rigoroso.
Assim somos nós, normalmente não admitimos nossos espinhos, mas eles estão lá, quando menos espera o espinho do patrão está espetando os empregados, os espinhos dos colegas de repartições estão fazendo estragos. Tem sempre o porco-espinho que não aceita essa condição: - Eu não sou porco-espinho, não espeto ninguém! – Esse é o pior tipo, pois não percebe os seus espinhos.
Todos nós, por menor que sejam nossos espinhos, eles estão lá e nós precisamos admiti-los para melhorarmos nossos casamentos, nossas amizades, nossas convivências no trabalho, na escola, no trânsito, no clube, enfim, onde vivermos em grupos.

sábado, 26 de dezembro de 2009

OS EMBALOS DOS SÁBADOS E DOS OUTROS DIAS DA SEMANA

Já tentei falar, explicar, o que significou o filme Os Embalos de Sábado à Noite para a geração do final dos anos setenta e início dos oitenta, por mais que a pessoa, que não viveu aquela época, diga “eu imagino como deve ter sido”, na realidade, ela não consegue imaginar, só quem viveu esse período sabe o que foi.
Sinceramente, não imagino um outro filme que tenha influenciado tanto, na realidade, influenciou toda uma geração e, o mais impressionante, cada lugarzinho do planeta.
O filme Os Embalos de Sábado à Noite foi um feliz coincidência, harmoniosa soma de belas canções dos Bee Gees + John Travolta + um roteiro despretensioso = Os embalos de sábado à noite. O filme é simples. E é bom exatamente por isso. Não se pode querer torná-lo um excepcional filme, mas o resultado que ele alcançou foi impressionante. As crianças e jovens saiam do cinema querendo dançar, todos queriam ser o Tony Manero (John Travolta), inclusive, John Travolta virou sinônimo de bom dançarino, qualquer um que dançasse bem a pessoa já dizia: - É praticamente um Travolta!
Após o filme, a febre foi tanta que era quase impossível encontrar uma pequena cidade do interior que não tivesse uma discoteca montada: um globo espelhado e multicor rodando, um canhão de luz e muito som de discoteca: Danna Sammer, Bee Gees, Tina Turner. Diana Ross e por aí a fora. Foi uma febre. Os jovens queriam comprar carros antigos, pintar com cores e desenhos berrantes e sair por ai “agitando com a galera”. Os mais humildes e tímidos viam uma chance de se destacar, era só dançar bem e as gatinhas estariam aos seus pés.
Para completar, o esperto e jovem novelista Gilberto Braga, "sacou o lance" e colocou no ar a novela Dancing Days com Sônia Braga, Reginaldo Farias, Bethy Farias, Glória Pires e grande elenco, parte do conflito da novela acontecia numa pista de dança de uma discoteca, foi sucesso imediato. No país inteiro as meias soquetes com brilho, as sandálias de plástico entraram na moda e a garotada rodava e se requebrava nas pistas de danças ao som da discoteca.
Você me pergunta - O que tem de especial o filme Os Embalos de Sábado à Noite? Eu respondo: Ele mostra o dia-a-dia de um jovem suburbano chamado Tony Manero, seus conflitos familiares, sua estagnação profissional e sua falta de perspectivas. A história de Tony é semelhante à de muitos rapazes pobres da sua idade: brigas familiares, emprego não qualificado (ele é balconista numa loja de tintas), pouca ou nenhuma diversão. Entretanto, no sábado à noite, na discoteca 2001, tudo era diferente: Tony era outro: elegante, admirado, desejado, o deus das mulheres, “o cara”, o Rei das Pistas! Seus conflitos familiares ficavam bem quietinhos em casa, davam um tempo, desapareciam. Afinal, no sábado à noite nada mais importava senão a música e a dança.
Mas... Os embalos de sábado à noite não se restringe a Tony Manero e sua dança empolgante, também aborda – ora superficialmente, ora de maneira relativamente profunda – assuntos interessantes (e alguns até hoje polêmicos), tais como: rebeldia, sexo na adolescência, gravidez, aborto, religião, celibato, estupro, papel da mulher na sociedade, desemprego, preconceito contra os homossexuais, racismo, amor, rejeição, amizade, arrogância, dignidade, vaidade masculina, influência da mídia na vida das pessoas, coragem, ingenuidade, violência, ascensão social. Esta última, simbolizada pela travessia da ponte que liga o Brooklyn a Manhattan, bairros de Nova York com características completamente diferentes: o primeiro, humilde e violento; o outro, luxuoso e refinado – alvo da “coroa” Stephanie Mangano, parceira de Tony num concurso de dança e por quem ele se apaixona. Em certo momento do filme, ela, deslumbrada, diz: “No outro lado do rio tudo é completamente diferente. É lindo! As pessoas são lindas, os escritórios também.”
Outro tema que merece ser citado em Os embalos... é a disputa, pois ela acontece em relevantes segmentos sociais. Por exemplo: a) familiar: entre o rejeitado Tony e seu irmão, Frank, o xodó da família – pelo menos até decidir largar a batina; b) racial: entre brancos, negros e latinos, evidenciada tanto nas brigas de rua quanto nas duplas de dançarinos que concorriam ao Prêmio da Discoteca; c) ideológico: entre o imediatismo dos jovens e a sensatez da idade madura, demonstrada pelo desejo de elevação social de Stephanie Mangano e sobretudo neste trecho em que o sr. Fusco, patrão de Tony, não quer lhe adiantar o pagamento semanal: Sr. Fusco: “...economizará e terá um futuro...” Tony: “Dane-se o futuro.” Sr. Fusco: “Não pode estragar seu futuro; ele é que irá estragar você... se não tiver tudo planejado.” Tony: “Esta noite é o futuro. E já fiz planos.”
Tony Manero é uma personagem bacana porque é complexa: com virtudes e imperfeições de caráter. Rebeldia, ingenuidade, arrogância, dignidade, violência, coragem e vaidade (entre outras) acompanham sua confusa, paradoxal – por isso mesmo, real e apaixonante – personalidade. Outra personagem marcante é Frank. Vejamos, então, o mordaz e inteligente Frank em ação em duas situações distintas. Ao ser questionado pelo irmão por que iria para uma pensão: “Ex-padres não voltam para casa. Todos (seus familiares) estão chocados demais. Perderam os pontos que achavam que tinham no Céu.” Agora, sério, aconselhando Tony: “Você só sobreviverá fazendo aquilo que considera certo. Se fizer o que eles (outras pessoas) querem, estragará a sua vida.” Isso tudo é Os Embalos de Sábado à Noite, expondo nossas angustias, frustações, preconceitos, dores, mas no nosso momento de estrela somos muito mais, somos especiais, ele fez os jovens da época, a maiorio reprimido por governos ditadores, por conceitos morais e religiosos rígidos, que a vida podia ser uma festa e cheia de luzes, mesmo que fosse por uma noite por semana. Quando a febre das discotecas estava passando veio o jeito Michael Jackson de ser, dançar e se vestir e os embalos continuaram, será sempre assim, novos embalos sempre surgirão com mais ou menos intensidade, mas com certeza maracará a geração que a viveu ou viverá. 
Hoje temos o pagode, o axé, o funk, o forró, o sertanejo - muitos desses ritmos já faziam sucesso naquela época - mas nada se compara a febre da discoteca, foi uma época, tentar revivê-la é saudosismo, ela deve viver na fantasia e nas lembranças daqueles jovens que a curtiram em sua intensidade. A batida musical, as luzes, as pistas, os jeito de dançar, o modo de se vestir vai sempre estar vivo na mente daqueles que viveram aquela época.

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

CAMPO GRANDE: O MAIS BELO NATAL

Em 2009 acontece o mais belo natal que Campo Grande, MS, já viu, a magia está presente, as pessoas estão mais alegres, esperançosas, com vontade de sair, de viver, isso é efeito da data, aproximação do final de ano, talvez a sensação de termos passados por uma terrível crise financeira que abalou o mundo e que o Brasil não foi tão afetado, talvez porque o poder aquisitivo das classes mais humildes tenha melhorado,- ...mas tem a bandalhiera política e a sensação de injustiça imperando! - Dirão alguns. Talvez isso não tenha abalado totalmente a alegria do povo que já não espera muito de alguns poderes constituidos e fazem a escolha de ser feliz a todo custo.
A cidade está mais enfeitada, o shopping center Campo Grande com suas luzes e um maravilhoso castelo na praça central, a avenida Afonso Pena com árvores centenárias enfeitadas com bolas representando frutos, coqueiros e arbustos coloridos, postes totalmente iluminados. A cidade do Papai Noel no Parque das Nações Indígenas está encantadora, músicas natalinas tocando o tempo todo, o coreto, a igrejinha, o presépio em tamanho natural, a encantadora casa do Papai Noel, a praça de alimentação em estilo europeu, as tendas de jogos, a bela arvore azul, é tudo muito mágico, encanta crianças e adultos. Andando pela cidade encontramos lugares totalmente enfeitados com luzes de natal: a estação ferroviária, casas históricas próximo à estação, a Pensão Pimentel, o relógio central, a praça das araras, o obelisco e muitos outros lugares.
Com certeza os pessimistas de plantão dirão: - É muita alienação, com o dinheiro que foi gasto daria para fazer.... - só peço que me poupem, não vivemos só da violência dura do dia a dia, da falta de dinheiro, dos problemas na vida particular, temos que ter um pouco de fantasia, isso nos ajuda a aguentar os baques que teremos no tumultuado convívio, principalmente, numa cidade grande.
Permitam-me dizer, viva a fantasia, viva a beleza das luzes que encobrem as trevas da dura realidade. - Ah, mas não adianta jogá-la para baixo do tapete, pois ela continuará lá! - Dirão os, entitulados, realista. Eu digo, que fique lá, e quem se sentir incomodado que vá usando-a por mim!
Enquanto isso,viva o belo natal campograndense!